segunda-feira, 13 de abril de 2009

Exaltação


Começa pequenino e vai crescendo com o ar que entra nos pulmões. Com o sangue que me corre nas veias e me enche o coração, mais, muito mais do que devia. Esse sangue que me rubra as faces quando menos quero, mesmo quando o vento me sopra para longe de mim. É um ardor pequenino que não sei ao certo onde nasce, como cresce e se multiplica, como ganha espaço e se aloja no seu cantinho sem que ninguém dê por ele. Juro que se alimenta de ar, de impulsos, de pulsações, de sangue, de nuvens, de tudo, mas silenciosamente. Vem quando não se espera, e eu, que já nem acreditava que ele pudesse existir, vejo-me amordaçada pela falta do ar que ele me rouba sem eu querer. Alimenta-se de mim e torna-me fraca. A mim, que me julgava minada de anti-corpos e barreiras defensivas. Vacinada e imune contra males deste calibre. Afinal, estou viva. Mas demasiadamente orgulhosa para acreditar em amor. Não quero e não posso.

Aconteceu ver-te entrar na minha vida. Aconteceu, por acaso, que estava distraída, distante, mas ouvi o barulho que fizeste ao entrar. Chegaste tu muito antes deste meu mal e, ainda assim, não vos consigo dissociar. Feliz por aparecerem, triste por quem são. Passo agora os dias sem dormir, e escassas são as horas em que me posso dar ao luxo de parar o relógio e acalmar a azáfama que trago aos meus dias. Apenas por duas razões muito simples: se fecho os olhos penso em ti, se durmo sonho contigo. Não quero e não posso.

Deixaste a porta aberta e foste tudo o que podias ser: mais do que querias e menos do que devias. O bichinho vai morrer e sou eu que o vou matar.







Ao som de: Lykke Li - A little bit

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