terça-feira, 25 de maio de 2010

Pensamentos...

No imenso silêncio de burburinhos em que me encontro, ouço-me pensar. Ouço todos os impulsos eléctricos, todos curto-circuitos do meu cérebro e o mar, lá ao fundo. O compasso das ondas que morrem na areia, que batem nela, sem qualquer pudor, é acompanhado pelo bater do meu coração… e nada mais é certo aqui. Nada. Nem o que eu sei ou julgava saber. Nem o que eu sinto ou pensei sentir. Ou, ainda, quis sentir. Sei lá! Levanto-me.
Sei que sinto ainda o teu toque, o teu cheiro, o teu sabor. Vejo e revejo imagens soltas, como flashes de instantes retratados num filme erótico que não sei se vi ou vivi. Espalho e disponho as diferentes polaroids no meu íntimo. Fecho os olhos. Continuo a não saber se foi real. Molho os pés.
O sal da água do mar lembra-me o teu suor. Lembra-me o teu corpo no meu, colado, escorregadio, quente… Tão longo e tão breve, tão intenso e tão fugaz. O sonho parece-me demasiado real, quase que consigo sentir a tua mão adúltera a deslizar nas minhas costas onde sinto agora o sopro da brisa fresca da noite. No entanto, os pensamentos não param, o coração não pára, o teu corpo não pára, o calor não pára. Dispo-me.
E entro pela rebentação adentro, sinto-a lamber-me as pernas com ferocidade e não me detenho. Uns passos mais e tudo se acalma. Sou só eu e o mar sereno, quente e paciente perante toda a minha inquietação e o meu corpo nu. Mergulho.
Sinto a água quente acariciar-me a pele, delicada e macia. Tu abraças-me. Passas as tuas mãos por todo o meu corpo de forma inocente e carinhosa, lavas-me o corpo, a alma e os pecados. Abraças-me. Transportas-me para uma dimensão nunca antes por mim explorada, nunca nada tão perverso se dissipou com tamanha inocência e ternura. Abro os olhos.
Continuo a não saber nada. Respiro.

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