domingo, 8 de março de 2009

Domingo...

" Hoje pinto-te a alma com a leveza de um suspiro. Esboço os traços do teu rosto com a agilidade que não tenho mas que sonho em roubar-te. Pego na minha paleta imaginária de cores, vazia de arco-íris e de tons quentes e frios. Pinto-te a preto em folha branca porque as tuas cores são indecifráveis e únicas. Sei as notas dos traços que faço mas não sei cantá-las para ti, não sou capaz de preencher a tela nua estendida no chão do meu sótão. Vou pintando as paredes e o tecto, desenhando formas disformes, linhas incapazes de se assemelharem ao que vejo. Eu pinto-te com o coração, não com as mãos. Dos traços ficam apenas vincos e das formas apenas a sombra. Vejo-te cada vez mais do lado errado, a passar para um lugar incerto e inseguro e é urgente (re)desenhar-te onde pertences. Dar forma a um cenário novo, o mais realista possível, onde a tinta de óleo não borre o traço a carvão e a imagem seja nitida e perceptível. Não é por veres estrelas onde só há luz, não é por teres a energia condensada no sorriso, não por teres o rigor do traço intacto na ponta de um cigarro. É por ires do lado de fora na beira da estrada.
Eu não sei desenhar-te, e não sei que raio de arte quero eu fazer de ti. "










* Ao som de: Diamonds are forever - Arctic Monkeys *

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